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Formação e Queda de Israel
Pastor Ricardo
INTRODUÇÃO
Neste texto temos um apanhado do Estado de Israel, desde a formação até o exílio. A ideia aqui é dar as linhas gerais desse processo. Não pretendemos esgotar o assunto neste texto!
Após a divisão do reino, iremos apenas discorrer sobre o reino do Norte, pois no final deste faremos um comentário da atividade profética de dois dos profetas que falaram neste reino: Elias e Eliseu. Na conclusão deste texto, onde também apresentamos os reis que reinaram no reino do Norte, vamos mencionar os reis do reino do Sul, que foi levado a cativeiro mais de 100 (cem) anos depois do reino do Norte.
1. A Fundação do Estado
1.1 Saul, o primeiro rei:
No mundo antigo, existiram vários povos que possuíam reis. Israel era formado por uma liga sacral de 12 tribos, lideradas por carismáticos (líderes e/ou juízes). Estes se levantavam em determinado momento para resolver algo (os Juizes) e permaneciam na liderança até que surgisse um outro problema e outra pessoa se levantasse. A forma de um reino unido debaixo da autoridade de um só homem era vista como pagã. Encontramos em Juízes 8.22s Gideão mostrando que o Reinado é de Javé (Gideão fez isso pois queriam entregar-lhe a chefia hereditária sobre Israel). O povo devia depender única e exclusivamente de Deus. Aceitar um governante humano seria negar essa dependência. Como foi que isso mudou?
Os filisteus queriam dominar toda a Palestina. Chegaram a invadir o território efraimita. Os israelitas uniram-se em busca da presença de Deus, no Templo de Siló, onde estava a Arca do concerto. Só que os filisteus empreenderam novo combate e saíram vitoriosos, aniquilando o exército israelita e levando a Arca. Os filisteus já tinham conseguido conquistar quase toda a Palestina. Dominavam pontos estratégicos com forças de ocupação. Exigiam muitas coisas e parece que não conseguiram controlar suas exigências em toda parte. Foi diante dessa "dominação" que surgiu o desejo de unificação das tribos, para um combate. Em 1 Samuel 8.5 vemos o povo pedindo um rei. Ele teria que organizar um exército que ficasse de prontidão para qualquer ataque.
Diante das várias tradições da formação do reinado em Israel, encontramos sempre Samuel como uma peça importante. Saul, filho de Quis, foi designado por Samuel (após revelação divina) para a função. Mas a sua primeira atuação pública se deu como eram as aparições dos líderes carismáticos. No Leste foi a sua atuação, pois os amonitas estavam penetrando no território. A vitória de Saul fez com que as tribos quisessem permanecer todas debaixo do comando de um chefe comum. Saul devia estar permanentemente à frente do exército. Como chefe das 12 tribos, sua primeira tarefa foi quebrar o domínio dos filisteus em Israel. Conseguiu isso temporariamente, organizando um grupo pequeno de guerreiros profissionais (1 Samuel 14.52b). Diante disso, vemos que o reinado de Saul era militar. Seu primo, Abner, era o general do exército (1 Samuel 14.50) e o filho mais moço de Jessé, Davi, seu escudeiro (1 Samuel 16.14-23). Sua residência foi fixada em Gibeá.
A princípio, as guerras de Saul tinham características de "guerra santa', com todo o ritual para tal. Mas, com o passar do tempo, foi-se perdendo essa característica, o que causou uma crise interna ao reinado. Samuel, que o havia ungido rei, dizia agora que o "Espírito do Senhor se tinha retirado de Saul", e este agora era "atormentado por um espírito maligno" (1 Samuel 16.14). Os filisteus começavam novamente a ganhar terreno e Saul se via desesperado, pois não ouvia mais a voz de Javé. Consultando a médium de En-Dor, lhe é anunciado o seu fim (1 Samuel 28). Em batalha, os filisteus aniquilaram os israelitas. O próprio Saul foi ferido e se lançou sobre a sua espada. Os filisteus lhe cortaram a cabeça e o seu corpo foi fixado junto com o dos seus filhos, no muro de Bete-São. Foram os habitantes de Jaber-Gileade que os enterraram com honras. E os filisteus começavam a dominar a Palestina.
1.2 Davi e o seu grande Reinado
Apesar da queda, a nova ascensão política de Israel foi grandiosa, isso com Davi. Como era escudeiro de Saul, era visto como profissional nas armas pelo povo. Poderia ser um grande comandante. Isso despertou ódio e inveja em Saul que, antes de sua morte, que passou a perseguir Davi, que tinha um pacto de amizade com o filho mais velho de Saul, Jônatas. Fugindo de Saul, Davi se instalou na parte meridional da Serra de Judá, reunindo um grupo de guerreiros, que também eram salteadores (1 Samuel 22.2;25). Passado algum tempo, Davi se ofereceu, juntamente com seu bando, ao rei filisteu, que aceitou seu oferecimento dando-lhe uma parte de terra para habitação. Diante disso, a qualquer momento Davi poderia ser convocado para a guerra e poderia ser contra Israel. Quando chegou esse momento, o rei filisteu teve medo que Davi viesse a traí-lo. Foi nessa batalha que Saul morreu e, logo depois disso, Davi foi com seu grupo para Hebron. Como tinha grandes ligações e era visto como um bom homem de guerra, logo foi ungido rei pelos homens de Judá, sendo rei da "Casa de Judá" (2 Samuel 2.4a). Davi ainda era visto pelos filisteus como um feudatário, como um homem de "duas nações" e deixaram tudo acontecer. Mas nesse momento, as tribos do Sul tinham alcançado unidade política. No Norte, Is-Bosete, o único filho vivo de Saul, foi constituído por Abner, rei sobre todo Israel (2 Samuel 2.8ss). Não era possível ele ser rei sobre todas as tribos pois Davi já era rei no Sul. Não tardou a desavença entre Is-Bosete e Abner, que veio oferecer a Davi a maneira de ser rei também no Norte. Mas, depois das negociações, quando voltava, foi assassinado por Joabe (2 Samuel 3). Is-Bosete também foi morto e sua cabeça foi trazida a Davi que mandou matar os assassinos e enterrá-lo (como também Abner) com todas as honras, acabando com a possibilidade de dizerem sobre seu mando nas mortes.
Tudo isso fez com que Davi ficasse mais popular no reino do Norte. Além disso, era casado com Mical, filha de Saul, sendo seu parente. Isso fez com que ele fosse elevado à condição de rei no reino do Norte, pois o sucessor de Is-Bosete, Meribaal (Mefibosete), filho de Jônatas, estava aleijado e seria complicado para ele ser o "comandante" do exército. Mas a sua coroação não significou o fim da divisão entre o Norte e o Sul - apenas estes estavam sob o domínio de um único homem. Isso fez com que Davi não pudesse permanecer nem no Norte, nem no Sul, para evitar uma guerra interna em Israel. Foi quando Jerusalém, que era uma cidade-estado cananéia, esta foi tomada e transformada, em todos os aspectos (presença da corte, Arca do concerto etc.), na Capital do reino e ficou conhecida como "Cidade de Davi". Com essa capital, era possível unir os reinos do Norte e do Sul!
Essa unificação trouxe medo aos filisteus. Em duas batalhas que tentaram cortar a ligação entre o Sul e o Norte, os filisteus foram derrotados por Davi. Com isso, o reino alcançou uma grande dimensão. Só que o campo religioso estava ameaçado, pois cananeus foram anexados ao território israelita. Mas o rei contornara isso e o reino crescia. Diante disso, se fazia necessário um sucessor que mantivesse isso tudo. O filho mais velho de Davi, Amnon violentou sua irmã Tamar e Absalão o matou. Davi não gostou disso e apesar de uma reconciliação oficial, Absalão tentou derrubar o rei do trono, ainda magoado com a falta de atitude do pai diante do ocorrido entre Ammon e Tamar. Depois de algum tempo de problemas, Absalão foi morto mesmo contra a vontade de Davi. Agora, o filho mais velho era Adonias, que queria o trono e contava com o apoio de uma parte da corte. Chegou a se deixar proclamar rei, com Davi ainda vivo, mas já velho. Só que Salomão, filho de Bate-Seba, contava com o apoio da outra parte da corte, inclusive do profeta Natã, que seria uma grande autoridade religiosa para legitimar qualquer rei. O próprio Davi declarou que Salomão era o verdadeiro sucessor, que já começou a comandar ao lado do pai antes da morte. Isso definiu a questão sucessória, não evitando problemas entre Salomão e Adonias, que foi morto.
1.3 O último rei do reino unido: Salomão
Quando Davi morreu, Salomão logo se livrou de seus inimigos políticos. Como ele se tornou um rei que comandava mais a nação do que o exército (já que em seu reinado, houve um grande tempo de paz), os gastos na corte aumentavam, fazendo com que Salomão dividisse o Estado do Norte (1 Reis 4.7-19) em 12 regiões administrativas, onde cada uma providenciava a manutenção da corte por um mês. Além dos gastos alimentares, o exército foi aprimorado, necessitando de dinheiro para a manutenção. Agora, um dado curioso: as 12 regiões administrativas eram do Norte. Isso vem provar que a unificação entre Norte e Sul nunca foi total, pois o Sul não participou desse processo!
Os gastos (e os tributos do Norte) aumentaram com a construção do palácio (que levou 13 anos) e do templo (7 anos). Zadoque foi colocado como sacerdote e só quem pertencesse a linhagem dele poderia executar o serviço sacerdotal.
Mas seu reinado foi muito criticado. Toda a riqueza que ele desfrutava provinha de impostos altos que desagradavam o reino do Norte. Para as construções, material e pessoas, precisavam vir de outros povos. Com isso, Salomão casou-se com várias mulheres que traziam, com a sua autorização, o culto a outros deuses. Isso tudo causou uma série de problemas que após sua morte, em 931 a.C., resultou na divisão real dos reinos, colocando dois comandantes em cena, um para cada um dos Reinos.
2. A Divisão do Reino
Os reinos formados da divisão foram: o do Norte, que passou a se chamar ISRAEL (também conhecido como EFRAIM, já que esse era o nome da tribo principal desse reino, formado por 10 tribos) e sobrevive até 721 a.C., quando é tomado pelos assírios (a divisão aconteceu em 930 a.C.); e o do Sul, que passou a se chamar JUDÁ, sobrevivendo até 587 a.C., quando é tomado pelos babilônios.
Entre as causas da divisão encontramos:
- Efraim queria a honra de ser elevada a posição de liderança, o que aconteceu com Judá, sendo que foram Davi e Salomão que a colocaram nessa posição. Já após a morte de Saul, Is-Bosete, seu filho, foi reconhecido rei durante sete anos, tendo Davi já sido coroado em Hebrom;
- durante o reinado de Salomão, formas pagãs de culto se infiltraram, trazidas por esposas desse rei, vindas de outros povos;
- também foram efetuadas grandes construções no reinado de Salomão, o que resultou na cobrança de altos impostos e uma política de trabalhos forçados, onde o Norte era mais cobrado;
- o jovem Roboão (filho de Salomão) recebeu em Siquém (onde deveria ser coroado pelas tribos do Norte) a proposta de diminuir o fardo colocado por seu pai. Seria, talvez, a chance de tentar dividir essa carga de impostos entre o Norte e o Seul. Ele rejeitou o conselho dos mais velhos e deu sua resposta, dizendo que seria mais duro que seu pai.
Foi Jeroboão quem liderou a revolta. Depois da profecia dita por Aías sobre a divisão e ascensão de Jeroboão (1 Reis 11.29-39), ele pode assumir o trono do reino do Norte, dizendo que isso era providência divina e não um acidente ou uma rebelião popular simplesmente. Ele era efraimita e foi um dos oficiais de Salomão. Durante o reinado deste, Jeroboão já teve que fugir para o Egito, por ter ofendido o seu soberano. Depois da morte de Salomão, voltou e diante da resposta de Roboão à proposta de diminuir o fardo, liderou a revolta da divisão.
3. A História do Reino do Norte
Como dedicaremos a próxima divisão para falar de dois profetas que atuaram no reino do Norte, iremos discorrer algo sobre esse reino. Sobre o reino do Sul, apenas na conclusão deste texto iremos mencionar os reis que figuraram ali, lembrando que foi o Sul que manteve a Casa de Davi no trono, segindo mais de perto as ordenças do Senhor, mas sem fazer totalmente, o que fez com que o povo seguisse para o exílio. Mas o Norte teve reis que se afastram mais e mais rápido da vontade do Senhor.
3.1 A História trágica de uma Nação Apóstata:
3.1.1. De Jeroboão até a Casa de Onri: Declínio Espiritual
Jeroboão não foi fiel a missão a ele designada por Deus, a exemplo de Saul, trazendo desgraça para o povo. Foi durante o seu reinado que foram estabelecidos dois santuários (um em Dã e outro em Betel - 1 Reis 12.28,29), por ter medo de que o povo fosse a Jerusalém e se voltasse contra ele. Nesses santuários existiam bezerros de ouro e foram escolhidos para sacerdotes pessoas entre o povo, e não os filhos de Levi, como orientava a Lei. Diante de tudo isso, o mesmo profeta que lhe prometera o reino, o condenou.
Durante o reinado de Jeroboão, aconteceram muitas guerras entre os reinos do Norte e do Sul. Com sua morte, seu filho o sucedeu, mas não reinou muito tempo. Baasa (da tribo de Issacar) o matou e se apoderou do trono, após aniquilar toda a família de Jeroboão. Este novo rei seguiu fazendo as mesmas coisas que Jeroboão e quando morreu, deixou o trono ao seu filho, Elá. Um de seus capitães, Zimri, também matou toda a família de Elá. Só que acabou morrendo sete dias depois que começara a reinar, num fogo que ele próprio ateou.
Após a morte de Zimri, a idolatria no reino se desenfreou. Onri passou a ser rei e foi durante esse reinado que o culto a Baal foi instituído. Isso porque o filho deste rei, Acabe, se casou com Jezabel, devota desse deus, por ser sidônia (ela era princesa - o casamento entre membros da realeza em reinos diferentes sempre demonstrava o desejo por manter a paz e até mesmo a união contra outros povos). Onri e Acabe são considerados os verdadeiros fundadores do reino do Norte, pois construíram sua capital, Samaria. Em sua política exterior, Acabe foi pacífico. O seu maior problema era realmente o culto a Baal. Os profetas de Deus eram presos e mortos, tendo alguns poucos sobrevivido escondendo-se em cavernas, onde Obadias, um servo do rei que permaneceu fiel a Deus, os alimentava (1 Reis 18.3-4).
Apesar de pacífico em sua política externa, acabou morto porque uma aliança com a Síria se rompeu. Acabe foi para o ataque do exército sírio, só que disfarçado, pois o profeta Micais predisse sua morte, estando ela próxima (1 Reis 22.14-23). Apesar do disfarce, acabou morto por uma flecha atirada ao acaso (1 Reis 22.29-40). Quando, no dia seguinte, os carros eram lavados na lagoa de Samaria, os cachorros lambiam o sangue de Acabe, cumprindo uma profecia de Elias (em 1 Reis 21.19). Depois, Jezabel e a casa de Acabe morreram e o corpo de Jezabel, também em cumprimento da profecia, foi devorado pelos cães (os nomes dos filhos de Acabe eram: Acazias e Jorão). Jeú, o comandante da guarda, foi ungido rei.
3.1.2. A Casa de Jeú: a última oportunidade:
Durante o reinado de Jeú, o culto a Baal foi extinto. Elias e Eliseu (de quem falaremos mais na próxima divisão deste texto) traziam mensagens para a restauração do culto a Jeová. Mas isso não aconteceu de forma completa. Os dois santuários (em Dã e Betel) continuavam existindo, exercendo suas atividades. Já neste reinado, surge o primeiro sinal de queda da nação: começa-se a pagar o tributo para a Assíria. A prosperidade dos reis que substituíram Jeú, Jeoás e Jeroboão II, fazia com que profetas como Amós e Oséias trouxessem mensagens de advertências ao fato de ser esta a última oportunidade de que o Senhor dava à nação. Se o arrependimento não ocorresse completamente, a nação iria cair.
3.2 A Queda do Reino do Norte:
Os últimos trinta e dois anos do reinado de Israel podem ser considerados uma verdadeira anarquia. Foram seis os reis que ocuparam o trono, sendo que apenas um morreu de causas naturais. Os outros cinco foram mortos. Isso já demonstra que a bagunça no reino era grande. Se isso não bastasse, a Assíria, que fora o salvador de Israel de outras guerras, era agora o seu destruidor. A profecia de Amós (cf. Amos 5:27) estava por se cumprir, pois o reino de Israel já se constituía apenas na sua porção central na Palestina. Quando o rei Oséias quis reverter o quadro de pagamento de tributo ao rei assírio, Samaria foi sitiada e, logo depois, tomada. Mesmo diante dos avisos de Deus mediante a atividade profética, o reino acabou castigado em 721 a.C., indo para o cativeiro.
4. A Atividade Profética de Elias e Eliseu
A palavra "profeta" é um termo grego que pode ser traduzido por "aquele que fala na frente". Aqui entendemos como profecia a obra dos profetas hebreus que encontramos no Antigo Testamento. A atividade profética vem nos mostrar que o Deus de quem eles falavam não estava preso ao passado, isto é, à tradição deste. Como nós servimos ao mesmo Deus, Ele também não está preso à tradição do presente. Portanto, atua na humanidade. Se hoje nós não dermos ouvidos aos Seus ensinamentos, também iremos passar por situações parecidas com as que o povo antigo passou, depois de muito aviso. Talvez passemos por situações diferentes, isto é, talvez não venhamos a ser exilados. Isso porque a situação atual é diferente da passada, mas iremos prestar contas por nossa desobediência. Dito isso, vamos dar enfoque a dois profetas do reino do Norte: Elias e Eliseu.
4.1 Elias: o profeta do fogo:
Este profeta deve ter nascido em Tesbete (Galiléia) e atuou como profeta principalmente nos tempos de Acabe e Jezabel. Sua tarefa mais importante foi combater o baalismo no reino do Norte. Veio trazer uma profecia a Acabe, dizendo que viria fome e seca como forma de castigo pela idolatria do povo. Da mesma forma como apareceu (de súbito), também desapareceu, indo se esconder num deserto a leste do Jordão, enquanto a fome se adiantava. Em uma caverna próxima ao riacho Querite, era alimentado por corvos. Quando o riacho secou, foi para uma cidade chamada Serepta, onde foi sustentado por uma viúva pobre de maneira milagrosa.
Após três anos, Elias aparece a Acabe e lhe faz um desafio: deveriam ser oferecidos dois sacrifícios, um a Deus e outro a Baal. O sacrifício deveria ser consumido por um fogo enviado e seria reconhecido como Deus aquele que enviasse o fogo. No horário marcado, os profetas de Baal começaram o ritual, mas nada aconteceu. Chegou a vez de Elias pedir o fogo ao Senhor e nem mesmo acabou de pedir, desceu fogo do Senhor que queimou todo o sacrifício, secou a água em volta e derreteu as pedras do altar. Depois dessa vitória, o profeta teve que fugir para o Sul, pois Jezabel não se deixava dominar e queria tirar a sua vida. Nessa fuga, atravessa o deserto de Naguev, onde sente fome, sendo confortado por Deus no seu desespero, através de um enviado, com pão e água. Continuou sua fuga até o Horeb (Sinai) para ali receber sua missão: estabelecer o verdadeiro Israel, através do ato de ungir três pessoas. Eram essas pessoas: Jeú, como novo rei em Israel, Hazael, rei de Damasco, e Eliseu, como profeta para ficar em seu lugar.
4.2 Eliseu: O profeta que recebeu porção dobrada do Espírito
Este foi o maior operador de milagres do Antigo Testamento. Ele realmente teve porção dobrada do Espírito, alcançando uma estatura espiritual muito grande prenunciando, como Moisés, a vinda do maior dos profetas. Muitos de seus milagres, como os de Cristo, foram obras de misericórdia. Sua atuação se deu quando as lutas entre Israel e os arameus de Damasco eram intensas. O rei de Damasco fracassa na tentativa de surpreender os israelitas porque Eliseu previne o rei. Irado, o rei parte em busca de Eliseu e o encontra, mas o profeta não é reconhecido por seus adversários. O exército foi conduzido até Samaria, onde fica nas mãos do rei de Israel. Mas o profeta não permite que o rei mate o inimigo, antes sim deveria ser servido um banquete a estes e depois deveriam ser postos em liberdade. Que bela maneira de vencer uma guerra! Além dessas atividades, Eliseu também atacou o culto a Baal.
Conclusão
Elias e Eliseu eram heróis que se dedicaram à mesma causa. Ambos lutaram contra o baalismo (sendo em Elias a luta mais clara) e a manutenção da justiça em Israel. Ambos também se depararam com situações do tipo: o rei não tinha capacidade de cumprir sua missão e esses profetas tinham que tomar decisões no lugar destes (em Eliseu isso é mais claro). Deus veio ao povo através desses e de outros profetas, fazendo um convite ao arrependimento (isso também no reino do Sul) para a salvação, mas o povo não deu ouvidos. Os dois reinos acabaram no cativeiro. O reino do Norte, com exílio assírio, foi em 721 a.C. derrubado. O reino do Sul, com exílio babilônico, em 587 a.C.
Os reis do reino do Norte, de 930 a.C. a 721 a.C., foram: Jeroboão, Nadabe, Baasa, Elá, Zimri, Onri, Acabe, Acazias, Jorão, Jeú, Joacaz, Joás, Jeroboão II, Zacarias, Salum, Manaém, Pecaías, Peca e Oséias.
Os reis do reino do Sul, de 930 a.C. a 587 a.C., foram: Roboão, Abias, Asa, Josafá, Jorão, Acazias, Atalaia, Joás, Amazias, Azarias (ou Uzias), Jotão, Acaz, Ezequias, Manassés, Amom, Josias, Jeoacaz (ou Salum), Jeoiaquim (ou Eliaquim), Joaquim (ou Jeconias) e Zedequias (ou Matanias).
BIBLIOGRAFIA
1. ALMEIDA de, J. F. Bíblia de Referências Thompsom com versículos em cadeia temática, Editora Vida, Deerfield (Flórida), 1994.
2. ASSURMENDI, J. O Profetismo das origens à época moderna, Edições Paulinas, São Paulo, 1988.
3. GOTTWALD, N. R. Introdução Sócio-Literária à Bíblia Hebráica, Edições Paulinas, São Paulo, 1988.
4. METZEER, M. História de Israel, Editora Sinodal, São Leopoldo, 1972.
5. PRESS, B. H. Pesquisas no Velho Testamento, Editora Nazarena, São Paulo, 1955.
6. SCOTT, R. B. Y. Os Profetas de Israel - Nossos contemporâneos, Editora Aste, São Paulo, 1968.
Forte abraço.
Em Cristo,
Ricardo, pastor
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